domingo, 29 de agosto de 2010


E te observo entre um copo e outro. Acendo um cigarro porque sou mulherzinha confusa, falo alto quando quero, fico muda quando não te convém, idolatro santo falso e ainda fabrico ilusões. Não suporto linha reta, dialética e café requentado. E é bom você saber que me aborrece tudo que é bonito, belo, político e certeiro. Digo tudo de uma vez e não tolero repetições. Agora, você se aproxima me oferece a boca que me rasga num beijo desvendando o que em mim esta camuflado. E acorda a mulher animalizada por instintos de bicho fêmea. Você vem mais perto e traz contigo todo o resto que imaginei de você. Cheiro do cabelo, timbre da voz e roupa amassada e me lambe. Morro, nasço e [re] vivo toda na sua boca leve, vazia de palavras e quinquilharias verbais onde outrora também me perdi. E vejo corar o tempo pra decifrar segredos. Acolho o encontro não nego. Não sou assim. E você desaba sobre mim seus desamores. Me entrego as avessas, me lavo na sua saliva e viro mulher se debatendo em querências. E escute bem o que eu digo. Abre bem teus ouvidos porque minha língua é feito gente sem educação. Me reviro entre lençóis e faço tempestade em tubo de ensaio quando me revelo sua no meu estado inerte-apaixonada. E vou te engolir ainda que sem permissão. Goze. E nem mais uma palavra, nem mais um verbo ou uma frase de efeito.