sábado, 16 de julho de 2011

Linda a combinação da camisão com calça jeans. Ele tem cabelo feio daqueles que tornam o cafuné mais divertido e usa meia bonitas. Ele tem um cheiro bom daqueles que só melhoram conforme o perfume vai saindo. Testosterona jovial. Que homem se preocupa exatamente com as meias? O da minha vida, claro. Ele é o homem da minha vida. Mas ele tem só 21 anos e bebe mais que o Zeca Pagodinho! Dane-se. Essa boquinha pequena dele, com esse biquinho de mau humor, tem o tamanho certo para aquela minha outra boquinha sempre em crise. O ombro é largo e dá pra dormir uma tarde inteira ali. É ele. É ele!
Ops. Ele acaba de falar que gosta mesmo é de balada no interior. Com os brothers. Lá as garotinhas são loucas pra descolar um urbaninho de Palio. Droga. Achei que era dessa vez.
Achou mesmo, sua louca? Um garoto de 19 anos que usa as meias que a mãe compra pra ele?
Louca.
Olha lá, olha lá! Amor das antigas pintando na área. Ele não passa um mês sem fazer contato com a nave mãe. No caso, eu. No caso a mulher mais desesperada que eu conheço pra ser mãe.
Hormônios filhos da puta. Nem sei o que fazer com um bebê depois, nem quero fazer nada com ele. A não ser brincar um pouquinho, beijar a barrigona e depois largar ele lá na minha mãe e ir pegar o garoto da boquinha pequena. Só por uma noite. Uma noite já dá pra fazer um bebê?
Fazer um bebê com outro bebê. Sua louca, maluca, depósito de hormônios enlouquecidamente solitários e inúteis.
Olha lá o amor antigo pintando na área. Ele quer almoçar. Que graça esse cara vê em almoçar tanto comigo? Ele tem tesão em me ver largando tudo no prato? Nunca consigo comer direito na presença dele. Não sei ao certo se por amor ou nojo. Tenho nojo de andar pra trás. O mesmo nojo que tenho de sequer pensar em sexo anal. Mas vivo andando pra trás e tenho certo tesão em retroceder.
É como se a vida dissesse: "eita povo burro mas divertido". Talvez um dia eu faça mesmo sexo anal. Talvez um dia eu conheça um homem que mereça me foder a luz do dia. E não sozinha, no meu choro baixinho embaixo das cobertas.
Que você quer agora, heim tio? Ele diz que minha perna está grossa como nunca, depois diz que quer só um cafezinho e bater um papinho. E eu não vou não. Preguiça daquele gemidinho contido dele. Queria que ele berrasse. Queria que ele berrasse: casa logo comigo! Não vou mais te enrolar, coxuda! Casa logo comigooooooo!
Ele é contido pra gostar, pra gozar, pra casar. Um dia ele explode. Tomara que nesse dia caia um pouco de dinheiro do céu. Pra alguma coisa alguém que só me enche há tantos anos tem que servir. Olha lá quem chegou. Abro a porta e ele fica meio sem graça. Ele sabe que veio aqui pra me pegar, eu sei que convidei ele pra ser pega. Mas a gente já conversou tanto sobre a fome humana e a guerra do horror, que nos vimos na obrigação de enrolar um pouco antes de virar animais. Ele mexe nos meus dvds e nos meus livros. Depois tá liberado mexer no pinto. A gente se ama tanto como amigo que beleza.
É isso. Só queria ser amada. Só isso. Precisa casar comigo não, precisa me engravidar não. Basta me olhar assim, basta morrer de rir comigo. Basta me ler, me decifrar, ser intenso nesse minuto. Vamos todos morrer meus amores, vamos então morrer sabendo que demos vida a alguém. Ele me dá vida e quando vai embora, tudo fica pequeno. Mas isso não é uma declaração de amor. É só porque ele tem coisas grandes, se é que vocês me entendem.
Opa, olha de quem chegou um e-mail. De mais um super bom partido que partiu antes do pôr-do-sol. Não some não, Tati. Some não. Aí eu apareço. Peraí, Tati. Não aparece tanto não, não aparece tanto que daí sou eu que sumo. Aí eu viro mais uma idiota transparente e aí sim arrumo um namorado pra chamar de meu. Odeio essa expressão "pra chamar de seu". Foda-se. Nem desapareço e nem apareço. Tampouco fico transparente porque não sou vaso decorativo daqueles que você bate palma e a florzinha dança. Eu apenas viro mais um fantasminha. Eu sei que apareço em muitos corredores no meio da noite. Bando de gente morna do cacete. Como diria Janis, I neeeeeed a man to loooove! Tá difícil, Joplin. Tá mais fácil essa dança maluca que eu inventei aqui pra dançar Prince. Adoro esse cara. Mas eu não dava pra ele não. Homem tem que dançar pra tirar sarro, jamais pra ganhar dinheiro. Mas eu dava pro Eminem. Todo mundo tem um defeito. O meu é esse: eu dava muito pro Eminem, de preferência em um dia que ele tivesse bem puto com a vida. Aliás, eu tenho dois defeitos: eu dava pro Justin também. Mulher é quase uma coisa perfeita. Mulher pra ser perfeita tinha que ter pinto. Homem pra ser perfeito tinha que tirar o pinto. Eita povo besta mas divertido.