terça-feira, 7 de junho de 2011

Se as pessoas hoje em dia tem mais vergonha de se olhar do que se chupar, então a sensualidade está toda nos olhos.



Doze coisas que adoro fazer com você:

Se as pessoas hoje em dia tem mais vergonha de se olhar do que se chupar, então a sensualidade está toda nos olhos.

Hoje é dia dos namorados e você não está lendo este texto. Porque você está andando de mãos dadas num parque lotado de gente e seus cães, ou procurando um presente escondido dentro do carro, ou provando uma culinária exótica, ou virou pudim contra a grade de um prédio qualquer da cidade. E taí, de saída, quatro das coisas que adoro fazer com você.

Eu também não escrevo agora, na real digito no meu celular uma mensagem daquelas sem sentido pro resto do mundo, fora nós dois, pois juntinhos, eu mordendo seu queixo, você encaracolando mais meus cabelos da nuca, o mundo parece mesmo só tudo que a gente não precisa, apenas descarte. Bem, o sms criativo é a quinta coisa, a sexta é aquilo de morder o queixo.

Olha, o que vem depois da sexta coisa, se encaixa a sétima e a oitava das coisas. Mesmo a gente sempre fazendo a sétima e a oitava na mesma hora, na mesma posição, dando tudo na mesma coisa. Mas resolvi separar pra não ficar nenhuma dúvida: a gente faz amor. Que às vezes parece sexo. Que de vez em quando parece loucura. Que algumas vezes soa ilegal. E também uma música da Rita Lee, um torneio de judô, osmose, dois gêmeos xifópagos, ou a pororoca do meu rio invadindo teu mar, um inferninho pra dois. Ou atentado ao pudor, à moral, aos bons costumes, à vizinha que apanha do marido e todas as pessoas que se masturbam em webcams. Entende? É tanta coisa misturada que não cabe num item, aliás nem dois. Preciso de três.
Sexo, amor, e a terceira coisa, que apelidaremos de sacanagem meiga.

A sacanagem meiga, além de ter olho no olho e ser a coisa mais sensual desde as lambadas do Beto Barbosa, me remete a décima coisa. Ficar deitado de frente se olhando como fosse você uma taça de vinho no jantar e eu um tablete de diamente negro. Você
confere minha ingenuidade por trás das pupilas taradas enquanto decifro aquele misto de medo de sofrer com um corcovado de amor pra dar. Sabe, se as pessoas hoje em dia tem mais vergonha de se olhar do que se chupar, então a sensualidade está toda nos olhos.

E por falar em medo, a coisa número onze, são aquelas sandices que adoro dizer pra te assustar. Esses dias eu disse que não entrava na vida de ninguém se não fosse pra mudar tudo. E você me olhou com as sobrancelhas assustadas de quem se borra toda por isso. Nem esquenta, essas palavras que você só viu em filmes com o Jude Law ou em textos meus, não passam de um jeito de eu mesmo me acostumar a ter a vida modificada e não pirar com isso.

A última coisa seria dormir de conchinha contigo, mas mudei de idéia. Vou precisar enjambrar ali na nona coisa, cujo dono agora é: sacanagem meiga e depois dormir abraçadinho com o barulho de todos os fenômenos naturais batendo na janela. Porque seria uma afronta, um desbarate, uma inverdade deixar de fora a décima segunda coisa, que é fazer dos seus sorrisos tímidos e espreguiçados de manhã uns textos bacanas. São eles que te trazem pra mim o tempo todo.