terça-feira, 31 de maio de 2011

Dia Nacional de Combate ao Fumo.




Largar um vício não é tarefa fácil. Que o digam os fumantes de plantão! Pesquisas apontam que, para o abandono completo do cigarro, são necessárias, em média, seis tentativas. Mas não desanime. O Dia Nacional de Combate ao Fumo está aí para mostrar que existem motivos de sobra para parar de fumar. Só no Brasil, a cada hora, 23 pessoas morrem de doenças relacionadas ao tabaco. A boa notícia é que, de 1989 para cá, o número de fumantes caiu de 32% para 19%, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). E a tendência é que esse número continue diminuindo, já que os malefícios do fumo vão além de dentes amarelados, mau hálito e pigarros...


"O tabagismo é uma doença que causa dependência química e psicológica. É responsável por 50 diferentes males que atacam o organismo, como câncer e problemas como hipertensão, enfisema pulmonar, derrame cerebral e doenças respiratórias crônicas",
garante Ricardo Meirelles, pneumologista responsável pela área de fumantes do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Uma tragada habitual pode, ainda, causar impotência sexual no homem, diminuição da fertilidade feminina e complicações na gravidez. Até a estética pode ficar comprometida, já que o fumo diminui a irrigação sanguínea, trazendo inconvenientes como celulites, rugas, unhas descamadas e queda de cabelo.



“O tabagismo em gestantes aumenta em duas vezes as chances de o bebê nascer abaixo do peso e eleva em 70% a ocorrência de abortos espontâneos”


Talvez por isso, são as mulheres que lideram a luta contra o tabaco. Em levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, ficou constatado que 63% das pessoas que procuram tratamento antitabágico são do sexo feminino. Segundo a pesquisa, elas possuem mais medos de desenvolver câncer e doenças cardiovasculares, além de estarem sujeitas a gravidez, período no qual o fumo é totalmente proibido! "O tabagismo em gestantes aumenta em duas vezes as chances de o bebê nascer abaixo do peso e eleva em 70% a ocorrência de abortos espontâneos. E caso o bebê sobreviva, ele pode ter dificuldades em seu desenvolvimento cognitivo", alerta Ricardo.

Sempre prejudicial!

Um simples cigarro contém cerca de 4.700 substâncias, muitas tóxicas como a nicotina, o alcatrão, o monóxido de carbono e amônia. No cérebro, essas substâncias liberam dopamina e serotonina - neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e regulação do humor e do apetite. E se você não fuma, mas convive com fumantes, tem razões de sobra para estimular seus amigos e familiares a abolirem o vício. O ar poluído pelo fumo contém três vezes mais nicotina e monóxido de carbono e até cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas que a fumaça tragada pelo fumante. "Pessoas que ficam expostas ao fumo do cigarro podem ter desde tosses, dores de cabeça e reações alérgicas a problemas cardíacos e respiratórios", adverte o pneumologista.


Ufa! Depois de tantas perspectivas ruins é bem provável que você já tenha pelo menos pensado em amassar os maços restantes na prateleira e jogar os cinzeiros no lixo. Se isso passou pela sua cabeça, parabéns! A força de vontade é o primeiro passo para deixar de fumar. Segundo o Ministério da Saúde, 95% dos ex-fumantes pararam por conta própria. Agora, aprenda como largar o vício de vez.

Você já deve estar careca de ouvir especialistas e até parentes falando sobre os males do cigarro. Também já deve ter visto as imagens e frases de impacto que obrigatoriamente vêm no verso dos maços. É possível que até tenha se chocado com elas, mas a vontade falou mais forte e você continuou tragando um maço por dia, certo?


Esses relatos são comuns na rotina de fumantes. "Ninguém fuma porque quer, mas porque é uma doença", enfatiza Meirelles. De fato, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a nicotina é, depois da morfina, a droga que mais provoca dependência. E de cada 100 dependentes, apenas três conseguem abandonar o cigarro ao final de um ano. Por isso a trajetória para largar o vício é mesmo longa e necessita de muito apoio. "Os amigos e a família são fundamentais nesse processo. Eles devem dar atenção, carinho, apoio, força e, sobretudo, não criticar o fumante, pois é comum que ele fraqueje no caminho", afirma Meirelles.

“Os maiores fatores de recaída são relacionados a questões emocionais. Muitas pessoas acabam pegando um cigarro para lidar com tristezas e frustrações”


Dentre as maiores dificuldades para combater o tabagismo, estão os sintomas da abstinência: ansiedade, dificuldade de concentração, irritabilidade, tosse, dor de cabeça, tonteira e alteração do sono. "Os fumantes costumam incorporar o cigarro a sua rotina, então fumar um cigarro depois das refeições, por exemplo, acaba se tornando um hábito", esclarece Mônica Andreis, psicóloga e vice-diretora da Aliança de Controle do Tabagismo. Os especialistas garantem, porém, que os sintomas da abstinência melhoram em duas semanas. Portanto, perseverança!
Siga essas dicas:


-
Tente identificar as razões que levam você a fumar e procure evitá-las. Lembre-se sempre dos benefícios que você alcança sem o vício.


- Nunca adie o plano de parar de fumar. Como fazer dietas, deixar para segunda-feira, de jeito nenhum!


- Não ande com muitos cigarros na carteira e não tenha maços em estoque. Assim você terá o trabalho de sair para comprar e, talvez, a preguiça fale mais alto.


- Calcule quanto você economizaria ao não comprar cigarros e faça uma lista de coisas que poderia obter com esse dinheiro.


- Escreva em um pedaço de papel as razões que o levariam a parar de furar e leia em voz alta sempre que sentir vontade de uma tragada.


- Peça a amigos e familiares que não fumem ao seu lado. E evite ficar perto de pessoas que estejam fumando.


- Converse com pessoas que superaram o vício e aprenda como eles venceram os obstáculos.


- Evite café, doces e bebidas alcoólicas. Eles despertam a vontade de fumar.


- Quando a vontade de fumar surgir, coma frutas, beba líquidos ou chupe balas sem açúcar. Você também pode ocupar sua mente com atividades prazerosas.


- A ansiedade e a preocupação são sentimentos que despertam o vício. Sempre que se sentir assim, faça exercícios de relaxamento e respiração.


-
Dê real atenção às imagens no verso do maço sempre que for tirar um cigarrinho para acender e lembre-se de que você poderia ser a pessoa da foto.


- Pratique atividades físicas e mantenha suas mãos sempre ocupadas.


- Jogue fora tudo o que lembrar o hábito: isqueiros, fósforos, cinzeiros etc.


- Escove os dentes logo após as refeições.


- Se não conseguir largar o vício de uma vez, comece diminuindo o número de cigarros diários. Mas não esqueça que é preciso estabelecer uma data para abandonar o tabaco de vez.


-
Nem pense em fumar um cigarrinho "de vem em quando". A dependência é uma doença crônica tal qual o alcoolismo. Não tem cura.

Se você precisar de uma mãozinha extra, existem muitos programas destinados a auxiliar os fumantes em sua luta. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, gratuitamente, informações, medicamentos, adesivos e gomas de mascar que controlam a ansiedade. Para saber qual o posto de auxílio mais próximo de você, basta entrar em contato com a Secretaria Municipal de Saúde do seu município ou ligar para o Disque Saúde (0800 61 1997). Através deste serviço, é possível obter informações sobre dependência de nicotina e orientações comportamentais para largar o vício.

No mercado já existem diversos métodos de tratamento para o tabagismo. Os mais comuns são adesivos, gomas de mascar, piteiras e remédios. No entanto, eles não tiram o vício por completo. "São coadjuvantes que ajudam o fumante a diminuir a ansiedade que leva ao fumo", afirma Meirelles. As piteiras retêm parte da nicotina e do alcatrão do cigarro. São trocadas gradualmente, chegando a um máximo de 95% de retenção das substâncias tóxicas. Porém, não há comprovação científica sobre sua eficácia.

“São coadjuvantes que ajudam o fumante a diminuir a ansiedade que leva ao fumo”


Os adesivos liberam pequenas doses de nicotina através da pele. O tratamento costuma ter três estágios, nos quais a carga de nicotina vai sendo reduzida até que a pessoa não necessite mais da substância. A função é diminuir os sintomas da crise de abstinência. As gomas de mascar, assim como os adesivos, são repositoras de nicotina. Funcionam como um chiclete que o fumante masca sempre que sente vontade de acender um cigarro. Cada goma possui nicotina equivalente a um cigarro. "A diferença entre os dois é que as gomas possuem ação mais imediata que o adesivo", diferencia Mônica. Alguns medicamentos e antidepressivos são usados no combate ao fumo, nos casos em que a dependência é maior. São eles: bupropiona e vareniclina. Há ainda o spray nasal, a água e o pirulito à base de nicotina, que ainda não estão a venda no Brasil.


Não faltam motivos e dicas para você largar o vício. Vá em frente!