terça-feira, 31 de maio de 2011

Todo mundo sabe que o cigarro faz mal, mas muita gente ainda fuma porque não consegue largar o vício.




Você sabia que 22 pessoas morrem por hora no nosso país, vítimas do cigarro? Largar este vício não é fácil. Que o digam as cerca de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas que fumam em todo o mundo - quase um terço da população adulta. No Brasil, são aproximadamente 33 milhões de fumantes. Se você for uma dessas pessoas, que tal começar hoje mesmo a levar uma vida mais saudável?


Cigarro mata mais que a AIDS, abuso de Álcool e Cocaína, acidentes automobilísticos e suicídios somados.
Fumantes estão mais expostos a desenvolverem doenças no sistema cardiovascular, câncer do pulmão, de laringe e de boca e impotência sexual. 90% dos pacientes com câncer de pulmão são fumantes. O quadro é tão grave que o tabagismo já sustenta o 4º lugar entre os maiores responsáveis por mortes no planeta, segundo a OMS.

Muitas doenças do trato respiratório estão diretamente ligadas ao consumo do tabaco e poderiam ser facilmente evitadas. O fumante, especificamente, pode desenvolver uma grave patologia chamada Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, alerta o pneumologista do Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Ciro Kirchenchtejn: “A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma mistura de bronquite crônica e enfisema, e praticamente só existe em fumantes”. O fumo, por conter irritantes que inflamam as vias respiratórias, leva à doença obstrutiva. Os principais sintomas são tosse, produção de catarro e encurtamento da respiração, além de uma limitação gradual aos exercícios.

Se o risco de desenvolver uma doença grave ainda não é suficiente para levar alguém a parar de fumar, vale ressaltar que cerca de sete fumantes passivos morrem por dia, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer. E 24% das crianças, que também são fumantes passivas de alguma forma, estão mais sujeitas aos efeitos nocivos do tabaco.

Cigarro dá prejuízo!

A decisão de parar depende de cada um. Mas muitas empresas, de olho nos gastos e na saúde dos funcionários, adotaram ou estão adotando programas antitabagismo para incentivar o abandono do vício, já que o simples hábito de fumar pode provocar cerca de 50 doenças. E 31 de maio é o Dia Mundial sem Tabaco, caso você fume, pode ser um bom momento para refletir sobre esse assunto.


Um funcionário fumante custa caro: R$ 4.354,00 a mais que um não-fumante. Para calcular o prejuízo, leva-se em conta que uma pessoa gasta cerca de meia hora do dia de expediente para fumar. Em um ano, esse tempo representa 14 dias úteis, quase metade de um período de férias. Além disso, esse grupo fica mais propenso a doenças, falta mais ao trabalho e gasta 40% a mais com planos de saúde.

“As empresas têm que trabalhar na conscientização de um funcionário fumante por causa da queda de produção quando ele pára para acender o cigarro”


Apesar dos dados, alguns chefes de funcionários fumantes não acreditam que o vício atrapalhe o trabalho. Para Luciano Garrido, do Sistema Globo de Rádio, o rendimento de um tabagista é igual ao de qualquer outro. "O fato de estar ocioso no 'fumódromo' não quer dizer que o rendimento caia. Há quem consiga ser ágil e compense o tempo ocioso", completa.

Luciano, ex-fumante, não acredita que a visão dele sobre o empregado que fuma tenha mudado depois que largou o cigarro. "A intransigência está na formação, no gênio da pessoa, não no hábito de fumar", acrescenta. Antônio Castello Branco, do SBT, é fumante e tem percebido que funcionários como ele estão ficando cada vez mais isolados. "As pessoas têm que deixar a sala para fumar e isso acaba restringindo o número de vezes que acendemos um cigarro", avalia.

Ednéia Silva trabalha num escritório de advocacia e nunca colocou um cigarro na boca. Para ela, "a criação dos 'fumódromos' nas empresas foi ótima, pois ficou livre da fumaça". A posição da secretária é contrária a de seu colega André Nóbrega. Fumante há 15 anos, ele acredita que produziria mais se pudesse acender o cigarro na mesa onde trabalha. No entanto, compreende que o hábito incomoda aqueles que não fumam e, por isso, é importante cada um ter seu espaço. O advogado lembra que após ter que sair do posto de trabalho para satisfazer seu vício, conseguiu reduzir pela metade o número de cigarros. "Antes fumava um maço por dia. Agora, só em dias mais tensos chego a esta quantidade", completa.


Para Gláucia Campos, da Catho, empresa de consultoria em recursos humanos, é muito difícil saber se uma pessoa é fumante ou não num processo seletivo. Ela lembra que, durante as entrevistas, muitos candidatos escondem o fato de serem fumantes por medo de não serem escolhidos para a vaga. No entanto, a consultora avalia que "na seleção, uma empresa não pode eliminar um fumante pois isto seria discriminação". Segundo Gláucia Campos, "é antiético enfocar o tabagismo em relação a outros pontos e por isso deixar de escolher a pessoa".

Todo mundo sabe que o cigarro faz mal, mas muita gente ainda fuma porque não consegue largar o vício. Estudos mostram que cerca de 40% dos fumantes que tentam parar têm uma recaída. Pensando no bem estar de seus funcionários - e também em suas finanças -, muitas companhias adotaram programas antitabagismo para tentar melhorar a qualidade de vida e a produção deles.

Consultores de seguros informaram que um empresa de médio/grande porte deve ter cerca de 17% de fumantes em seus quadro de empregados. Mais do que isso, segundo eles, a empresa deve adotar um programa antitabaco. "As empresas têm que trabalhar na conscientização de um funcionário fumante por causa da queda de produção quando ele pára para acender o cigarro", ressalta a consultora da Catho Gláucia Santos.

“O tratamento para quem quer parar de fumar demora em média um mês e meio, mas pode chegar até um ano, de acordo com o grau de dependência da pessoa em relação à nicotina”

O Instituto Nacional de Câncer ajuda as companhias que não conseguiram implantar seus próprios programas. Com o programa Prevenção Sem, o INCA presta consultoria informando como proceder com os funcionários fumantes, incentivando-os a largarem o vício. O projeto já tem mais de dez anos e foi adotado por empresas públicas e privadas. Uma delas é a Petrobrás.

Em 2004, a estatal firmou convênio com o INCA para capacitação de seus profissionais de saúde, e adotou o método para abordagem e tratamento do fumante, proposto pelo Ministério da Saúde. A companhia preparou material para esclarecer quem deseja parar de fumar. O manual "Deixando de fumar sem mistérios" é distribuído em meio impresso e eletrônico. Nestes três anos já foram capacitados cerca de 600 profissionais de saúde que ajudam os servidores em grupo ou individualmente.

O tratamento para quem quer parar de fumar demora em média um mês e meio, mas pode chegar até um ano, de acordo com o grau de dependência da pessoa em relação à nicotina. Ao que parece, as empresas agora não estão só preocupadas com a teoria para que os funcionários larguem o cigarro. O simples ato de criar um 'fumódromo' não basta hoje em dia. Alguns programas envolvem até a família do fumante. Das 114 empresas que participaram da II Jornada da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, 59 desenvolvem ações contra o tabagismo.