sexta-feira, 4 de março de 2011


“Passamos um pelo outro no corredor do sexto andar. Olhamos um nos olhos do outro. E desviamos o olhar acanhadamente, mas já capturados, presos ao que estava por vir. Não sei se você olhou para trás depois que saímos do mesmo horizonte. Eu estava aflita para ver o seu caminhar de costas, mas fui tomada por um formigamento e só continuei andando porque meu corpo me levava, mas a verdade é que estava paralisada, tomada por este sentimento que, por mais que tente, não consigo nomear. Levou algum tempo para que nos encontrássemos de novo.”


[in: A chave da casa. Ed. Record, p.24]