sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

É tudo que tenho pra dizer...antes que tudo de você em mim vire silêncio.


"Oito vezes. Foi a quantidade que abri a tua janela no Messenger só para olhar tua foto e absorver algumas palavras trocadas e lembrar de algumas palavras ditas e sorrir, por dentro, só pelo fato de ter te conhecido. Disse uma vez, aqui neste mesmo canto, que poderia parar apenas na troca de palavras e bastaria e hoje conto que não, que eu precisava ter descoberto você, ter tocado você. Eu precisava sentir teus olhos me analisando e precisava enxergar as estrelas no teu sorriso e rir, gostosamente, das muitas atitudes bizarras e tão espontâneas. Era fato: não tinha como ser infeliz do teu lado. Você transborda alegria, garoto, mesmo quando triste. É marca registrada tua.
Eu tentei manter o coração tranqüilo e não me apaixonar e, de início, tava tudo indo muito bem, obrigada. Mas precisava ser tudo tão perfeito, tão conto de fadas, tão tudo-que-sonhei-pra-mim? Desde que ouvi teu nome, num outubro tão tempestivo, sabia que, ao te conhecer, seria inevitável. Então vesti minha armadura, fingindo não me importar, não ligar, não querer saber, por mais que cada pedacinho minúsculo do meu dia fosse recheado de você. Escondi o riso cada vez que o telefone tocava, cuidei de mim minuciosamente na expectativa de que você viria, convidaria, ou apenas ligaria para por o papo em dia e eu ia dormir arrumada, mas cheinha de você que o resto não mais me importava. Mas eu disfarçava muito bem e soube esconder muito bem.
Tive medo de me expor. De estragar tudo, de perder contato. E tentei me satisfazer com os acasos e aceitei mendigar você... Era uma forma de te ter por perto, de te ver sorrir, de te ver contar, de te ouvir cantar, mas isso foi me consumindo de tal maneira que passou a doer, garoto. Enlouquecia, sozinha, sem saber o que fazer. Precisava que você soubesse que eu estava tão-aí-pra-você como te soube, um dia, e desperdicei com meus medos bobos. E resolvi falar e sonhei que tudo ficaria bem, que era o ponto que faltava,
que sequer imaginei outro rumo, outras formas, outro fim. Sequer imaginei que fim.
E vi tudo desmoronando com tanta pressa e fiquei sem entender, porque não tinha nada para ser destruído, não tinha nada que ser terminado. Eu só precisava dizer que eu estava acima do limite do gostar e que doía
. Só. Não queria nada mais, não queria que chovesse como choveu a noite inteira. Mas suporto. Apesar de, eu suporto. De tudo tão vazio que ‘tá agora, de todas as lembranças que eu teimo em não guardar, de todas as músicas que escuto só para recordar, de tudo que machuca, eu sorrio até com os olhos, por ter tido o prazer (imenso) de um dia ter esbarrado em você e ter podido te conhecer. Fazer parte, ainda que por pouco tempo.
Agora toca "Outra Vida", do Armandinho e sou obrigada a rir. Da ironia, da coincidência, sei lá. Dane-se. O coração ‘tá tranqüilo e eu ‘tô serena, risonha e fingindo, como sempre fiz. Para perceber, é só ver os olhos, que perderam o brilho, o riso. Dentro deles, não há mais de você. E, apesar de, hoje te vejo quando me encaro no espelho, pois tive, depois de muito dizer que não, a chance de crescer. Amadurecer por dentro, amadurecer as idéias e aprender que nada deve ser calado — mas antes eu nada tivesse dito... e assim eu encerro, por um tempo ou dois tempos, esse canto aqui. Vou me dedicar ao livro, à vida. Nessas linhas, não haverá mais nada de mim. Agora virei silêncio. "