sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pele na pele.


Era assim, todos os dias cometíamos uma loucura, mas uma loucura saudável. Pele na pele. O que nos regia era algo sempre melhor. Não vivíamos em uma constante monotonia, vivíamos a nos reinventar a cada tarde. A cada beijo o gosto era diferente, a cada toque descobria um novo arrepio, uma nova maneira de extravasar os risos que nunca foram contidos.
Sentada a beira do mar, me procurando o cheiro do seu perfume passou a me cercar. Fechando os olhos e deixando somente o perfume exalar ao meu redor, foi como se pudesse sentir aquele toque, que me arrepia da pontinha do dedinho mindinho do pé, até ao interior da minha alma. Era uma sensação de prazer, sendo apaziguada com uma sensação de leveza.
Como se estivesse a flutuar, voltei ao casulo, deite-me na cama e era como se estivesse prestes a tê-lo. Sentia aqueles lábios beijando desde meus pés até a minha testa. Desnorteada, alucinada. Os gemidos urgidos, traziam-me um prazer como se estivesse em um amor louco, desvairado. Era como se estivesse presente, prestes a surgir de trás de uma fumaça de gelo seco, me surpreendendo, me tomando em seus braços e fazendo-me mulher como tantas outras vezes. Nossa história foi o próprio poema de Luis Camões e ao mesmo tempo a velha frase de Martinha "Não era amor... Era melhor".