terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E na noite de natal... eu matei você!

Assim como nasceu meu amor por você, também morreu. De uma maneira ridícula. Eu lembro bem, cheguei na sua casa atrasada, perfumada e sem grandes intenções.

E você me recebeu suado e sem graçaNaquele segundo,a chavinha virou pra direita e catapuft:te amei absurda e infinitamente.

Eu tinha motivos reais, palpáveis e óbvios para te amar. Você é bonito, seu abraço é quente, seu sorriso tem mil quilômetros iluminados, seu humor me faria rir 100 encarnações e você é bom em tudo, mesmo não querendo ser bom emnada. Seu coração é gigante, tão giganteque você, por medo, prefere a superfície.

Mas eu te amei, mesmo, por causa daquele segundinho, o segundinho que a chavinha virou para a direita

E assim foi por quase dois anos. Eu me perguntava quando isso teria fim. Motivos profundos, nobres e óbvios para deixar de te amar também não me faltaram, mas nenhum deles foi suficiente ou funcionou.

Você acompanhou com olhos humildes e humilhados todos os passos da sua ex naquela festa e eu continuei te amando.

Você confundiu Chico com Vinicius e eu continuei louquinha por você.

Você tinha aquele probleminha de não segurar o prazer e meu maior prazer sempre foi qualquer segundo ao seu lado.

Você me largou sozinha naquele hospital, e foi para a praia com seus amigos bombados.

E eu, no fundo, te perdoava, te entendia, te amava cada vez mais. Você me mandou embora da sua casa, do seu carro, da sua vida, da memória do seu computador, do seu celular e do seu coração. Você me deletou. E eu passei quase um ano quietinha, te esperando, rezando pra Santo Antônio te ajudar a ver que amor maior no mundo não poderia existir.

Eu segui amando e redesenhando cada dobrinha da sua pele, cada cheiro escondido dos seus cantinhos, cada cílio torto, cada risada alta, cada deslumbre puro com a vida, cada brilho nos olhos quando o mar estivesse bonito demais. Cada preguiça,cada abandono, cada estupidez, cada limitação, cada bobeira. Amava seus erros assim como amava os acertos,

porque o que eu amava, enfim, era você.

CATAPUFT!

E eu me perguntava, quase já sem agüentar mais, sem entender tamanha entrega burra, quando isso finalmente teria um fim.

Quando minha coluna ia voltar a ser ereta,minha cabeça erguida e meus passosfirmes? Quando eu iria superar você?

E foi assim, sem avisar, por causa de um segundo sem grandes enredos, que a chavinha, catapuft, fez meia volta e virou para a esquerda. Me devolvendo a mim, me devolvendo à vida. Dissolvendo você no ar,trazendo cores, cheiros e possibilidades devolta. Matando o homem que eu mais amei na vida bem na noite de Natal.

Enquanto todos comemoravam o nascimento de Deus, eu comemorava a
sua morte. A morte de quem e para quem eu já tinha sido mais fiel, refém, escrava e discípula do que para qualquer outro deus.

Era véspera de Natal e você me ligou. Meu coração se encheu de esperança, de pureza,de fé, de alegria. Do outro lado, sua voz nasalada e banal me disse, assassinando meu coração e se suicidando na seqüência:


essa ligação não é uma recaída natalina, não,
é apenas porque eu tava aqui, sem fazer
nada, e pensei… quer trepar?

Catapuft.

Não, eu não quero trepar. Mas quer saber? Eu também não quero mais te amar. O menino da pizza e do interfone virou um homem solitário, infeliz e descartável. Catapuft.

Pode parecer loucura, mas tirar você do meu peito foi o meu melhor presente que já ganhei.